Relato expedição Urubu com Faca de 23/02 a 26/02

23/02: Amanhecemos preocupados com a situação dos pneus de socorro, pois só tínhamos 2 pneus lameiros e outros 2 velhos, comprados no dia anterior para uma situação emergencial. Por outro lado,estávamos esperançosos da solução que tínhamos providenciado. Nos programamos para sair do Apuí após as 8h30 porque queríamos conferir com De Ré se as providências já estavam em andamento.
Qual não foi a nossa surpresa quando, mais ou menos às 8h, Faca Cega recebe uma ligação de Cuxim que, àquela hora deveria estar voando para Porto Velho. O doido errou o dia do vôo, que na verdade seria no dia seguinte (só tem maluco). Então, já que ele não viajou, foi pessoalmente tomar as providências para colocar nosso plano em prática. Saímos com destino a Novo Aripuanã. Sabíamos que seria um deslocamento longo, demorado e chato, pois a estrada é muito esburacada, com várias pontes e pinguelas, além de uma balsa 22 km antes do destino. Tudo corria bem até quando passamos por um povoado chamado Km 100, onde o carro de Preto Véio apresentou problemas na correia do alternador, que partiu. Enquanto o carro esfriava para Gilson fazer o serviço, aproveitamos para almoçar, nos dividindo entre 2 restaurantes pequenos de comida caseira. No deslocamento após o almoço, mais um pneu furado de Hsu obrigou a parada do comboio. Nesse momento, a organização decidiu que Faca Cega e Geraldinho iriam na frente para chegar o mais cedo possível em Nova Aripuanã, a fim de tomarem as providências para a balsa. A partir daí o comboio rodou dividido, uma decisão desconfortável mas necessária. O resto do deslocamento ocorreu para o resto do comboio, sem maiores problemas; Mesmo com todos os esforços empreendidos, Faca e Geraldinho só chegaram na balsa quando a mesma já havia encerrado as atividades diárias, mas foram ajudados por um motoqueiro que conhecia o Capitão da balsa e este decidiu retornar, atendendo a seus apelos. Com os 2 carros já dentro da balsa, houve negociação para que se esperasse pelo restante do comboio que ainda estava a caminho. No final, conseguimos chegar todos juntos a Novo Aripuanã, onde tivemos algumas surpresas: a cidade estava sem Diesel, apenas os carros a gasolina puderam abastecer. A balsa que nós havíamos reservado não estava em operação. Aí entrou em ação o amigo Wellington que, com seus contatos, providenciou uma outra balsa com outra tripulação. Promoveu também uma peixada muito boa para os 14 famintos expedicionários. Enquanto a balsa era preparada, fizemos as últimas compras. Às 23h embarcávamos para nossa aventura à beira do rio Madeira. Nessa primeira noite, relaxados e aliviados, dormimos a bordo, não sem antes tomarmos umas gelosas e algumas doses de Uísque. Uns dormiram em rede, outros em barracas e colchonetes espalhados pelo rebocador e pela própria balsa.

24: Amanhecemos dia 24 animados com a perspectiva de chegar logo a Manicoré para pegarmos Diesel e depois seguir para Democracia. Após tomarmos um farto café, constatamos que as nossas expectativas seriam frustradas. O que seria uma travessia de 12 horas, se transformaria numa jornada muito mais longa; a forte correnteza do Rio Madeira aliada à pouca potência do motor do rebocador que nos empurrava, tornou o nosso deslocamento muito lento. Passamos o dia procurando nos ocupar em apreciar as paisagens das margens, botos, etc.. e arrumar coisas dos carros. No almoço fomos brindados por Urubu com uma Maria Isabel. Calma, não é isto que vocês estão pensando!Trata-se de um prato típico do Mato Grosso que nosso líder aprendeu a fazer numa expedição anterior para o Pantanal. Ao final da tarde, começamos a perceber no horizonte a formação de uma enorme tempestade, e seguíamos justamente em sua direção. Foram várias horas de chuva intensa, obrigando a maioria a dormir dentro dos carros. Além do desconforto, o tédio começou a impacientar alguns. Chegamos em Manicoré de madrugada mas, como não era possível aportar, dormimos parados na margem.

25/02: Ao amanhecer fomos providenciar o diesel e nenhum dos postos flutuantes tinham S-10. Por isso tivemos que alugar uma lancha voadeira, comprar bombonas e Faca foi providenciar combustível. Enquanto isso, alguns aproveitaram para fazer compras. Os carros formam abastecidos na balsa e seguimos para o nosso destino, Democracia. Chegamos lá às 11 da manhã, 36 horas depois de partir de Novo Aripuanã e 24 horas depois do previsto. O desembarque foi muito trabalhoso, pois a balsa não tinha prancha de desembarque. De uma altura de quase 2 metros, os carros tinham que descer em 2 tábuas estreitas, sendo necessária a ajuda do comandante para manter a aceleração da balsa e a proximidade da margem.
Altíssima periculosidade!
Viaturas em terra, compramos uma enxada e partimos para romper o ramal de Democracia. Apesar de terem passado a máquina alguns dias antes, ainda assim achamos vários trechos com lama para nos divertir. Até que, a 4 km da BR319, o riacho rompeu um pontilhão abrindo a estrada de um lado a outro. Mais de 5 metros. Tivemos bastante trabalho para passarmos os carros com guincho até que tivemos a ideia de derrubar a parede da margem à nossa frente, criando uma passagem alternativa, já que a que tínhamos utilizado para passar os 4 primeiros carros, já estava impraticável com risco de tombamento. Com a criação da rampa, dos 3 carros que passaram, 2 usaram guincho, exceto o carro de Tio Patinhas que incorporou um espírito de “trilheiro das antigas” e conseguiu subir o barranco com “catiguria”. Todos vibramos como se fosse gol do Brasil em final de copa do mundo!
Após esta travessia ainda tivemos que desatolar uma Hilux SW4, trabalho executado por Geraldinho. Em seguida, acessamos a 319 com destino a Humaitá, onde encontramos alguns atoleiros, mas todos superados com facilidade. Ao escurecer, encontramos o Restaurante dos Gaúchos, instalado há 1 ano às margens da rodovia. Decidimos jantar e passar a noite lá, onde espalhamos nossas barracas e redes e fomos dormir já por volta da meia noite.
26/02: Após o café, rompemos os 140 km que restavam até Humaitá sem maiores dificuldades. Ao chegarmos em Humaitá no início da tarde, nos instalamos no Hotel Macedônia e fomos providenciar arrumar as viaturas, lavar roupas e nos preparar para o dia seguinte fazermos os reparos necessários nas viaturas.


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